terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Este é o meu país



Quando estava a ler este parágrafo de um livro do William Lane Craig, senti aquela vergonha nacional que nos leva a suspirar "são mesmo tugas". Porque isto é muito próprio da conjuntura portuguesa, de achar que a ideia "Deus" está perfeitamente conhecida, ultrapassada, domesticada e arrumada em lugares convenientes que não causem muita perturbação. E como tal entendo que ouvir alguém a apresentar argumentos lógicos a favor da existencia de Deus numa universidade possa causar perplexidade.
No entanto, é sempre bom relembrar o tipo de argumentos usados por Craig: argumentos lógicos. Com recurso a premissas básicas, verdadeiras até prova em contrário, tenta chegar a conclusões também verdadeiras. Aparentemente, e repetindo a história portuguesa, este arma de eleição não reuniu entusiasmo e partiram para o argumento ad hominem - o homem deve ser um charlatão, quiçá trabalha para os apanhados.
Falo ainda sem saber, mas supondo que no auditório estavam pessoas que se consideram "livres-pensadoras", já que o episódio passou-se numa Universidade, a minha repulsa por esta rapaziada aumenta sempre que ouço este título aplicado a quem se auto-impõe proibições destas. Este é o meu país e eu vivo nele.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Ao ver a Teoria do Big Bang

que é a única série que acompanho, pergunto-me sobre o que Tolkien ou Lewis achariam disto tudo. Sobretudo Tolkien, sem o qual tudo isto não existiria. Ainda hoje, enquanto via este diálogo do Hobbit, promotor de coragem, das façanhas físicas, do ar livre, da curiosidade pelo desconhecido, pensava sobre estes valores serem abertamente desprezados por quem mais gosta desta ficção. Nesse sentido, considero-me um adepto atípico do Senhor dos Anéis, porque precisamente porque gosto dessas coisas que o Gandalf tenta resgatar a Bilbo, gosto também da história.



Igualmente surpreendente, e amplamente repetida na Teoria do Big Bang, é a estranheza às mulheres. Não só nas histórias da Terra Média o amor entre homem e mulheres faz parte, sendo por vezes a força motora da história, como o próprio Tolkien se definiu muito enquanto marido e amante da sua esposa (de quantos escritores românticos poderá dizer-se o mesmo?).

Tenho reparado que já passaram cerca de quinze anos desde que li o Senhor dos Anéis e o Silmarillion, embora não pareça tanto tempo por causa da presença persistente dos filmes de Peter Jackson no cinema e na televisão. Talvez seja a altura de regressar pelo menos ao Silmarillion, agora com o dobro da idade, enquanto ainda não há sequer um sussurro de um possível filme. E agora com outras ferramentas, apreciar aquela história literalmente épica.

sábado, 21 de novembro de 2015

“As nossas prioridades são os direitos!” - Vinte de Novembro de Dois Mil e Quinze

Esta frase da notícia do Público espelha o que eu penso disto tudo (um pouco à semelhança da opiniao de Miguel Sousa Tavares na SIC, quando se falou da co-adopção). É tudo uma questão de direitos; que se fale no bem estar das crianças, no mesmo dia em que se avança com a liberalização da Procriação Medicamente Assistida é no mínimo questionável. Um pouco como quando se falou nas dádivas de sangue, também aposto que era no superior interesse do receptor.

Mais uma vez, estas leis representantes do Progresso vão passar em alturas estratégicas, sem que ninguém dê por isso, sem que a discussão seja realmente autorizada. Afinal, direitos humanos são inegociáveis, não é? E uns poucos decidiram que certas coisas eram direitos humanos. E a favor disso, tudo vale.

O  que está em causa nunca foi uma medida aqui e acolá. Quando se votou o casamento para indivíduos do mesmo sexo, a esquerda assegurava que a adopção nada tinha a ver com o assunto, como se não fosse a consequência lógica que a direita antevia. A imagem que me ocorre é a de alguém que acalma um animal para melhor o abater. Um dia depois, já havia um senhor da esquerda que não me lembro quem a dizer que poder casar mas não poder adoptar era tão inconstitucional que até chateia.

Não gosto deste mundo, detesto homossexuais organizados em associações ou em desfile, e não suporto que se legisle a vontade desses grupos. Vai ficar na lei do país...

Por mim, este dia devia ficar na memória: vinte de Novembro de dois mil e quinze, Dia do Progresso em Portugal. Resta esperar que os factos não venham a ser dourados num revisionismo histórico conveniente.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Dilemas morais de super-heróis


Aqueles dilemas morais de super-heróis sempre pareceram só isso, dilemas morais de super-heróis. Ou manténs-te impoluto e sentes-te responsável pela perda da vida de centenas de pessoas, ou comprometes aquilo em que acreditas para poder salvá-las.
No entanto, agora que a maldade de uns quantos se tornou tão definida e efectiva, suponho que essa seja uma grande questão. Agora que estamos em condições de realmente discutir o assunto, vão haver interrogatórios com recurso a tortura? O primeiro a responder a este assunto deveria ser, naturalmente, José Sócrates, já que fez uma pos-graduação nessa área de especialidade.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Tu foste influente porque quero

Saiu uma lista dos livros académicos mais influentes, com o merecido primeiro lugar para A Origem das Espécies. No entanto, há vários livros de filosofia na lista, nenhum deles pertencente a Nietzsche. Eu não percebo nada de filosofia, mas se há coisa que tenho ideia é que o alemão praticamente pariu ideologicamente a minha geração. Devia ter ficado no mínimo em segundo ou terceiro lugar. Em relação a este senhor, surge sempre a questão de estarmos a eleger os verdadeiros influentes, ou apenas os influentes que desejaríamos que fossem, ou até os influentes que convêm. Ele lançou essa dúvida, está entranhada, não vai morrer e ninguém sincero e maduro pode negar-lhe a existência. É por isso que ele é tão importante. É por isso que ele é tão enxotado.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Homem por gato

No episódio de Parts Unknown em Beirut, Anthony Bourdain entrevista uma rapariga síria, refugiada prestes a ser deportada para o país de origem. Uma das perguntas foi se o conflito valia a pena; se seria um momento de sacrifício para conseguir algo melhor. A resposta da rapariga foi que a partir do momento em a luta custa vidas humanas, já foi longe de mais, concluindo com uma frase do género (estou a recorrer à memória) "nada vale mais do que uma vida humana".
A demonstrar um humanismo tão definido e determinado, imagino que a rapariga esteja a perseguir um ideal ocidental inegociável. Se conhecesse melhor o lado de cá, teria de ficar um pouco desiludida. Enquanto via o programa, lembrava-me da quantidade de pessoas que não trocaria a vida do seu cão, do gato, do piriquito ou da tartaruga, pela vida daquela rapariga. Aqui, somos existencialistas, produzimos os nossos significados e éticas particulares, e estando homens e mulheres ao leme, quem sabe onde as coisas vão parar. Por exemplo, a dignidade superior do Homem em relação à restante Criação perdeu-se. Um homem ou mulhere só são importantes se forem importantes para mim. E aquela rapariga síria dificilmente terá um estatuto desses. Pode-se lembrar ainda os casos mediáticos do sem-abrigo estendido morto no meio da rua, os dos idosos abandonados à morte pela família para confirmar a tendência.
Só por esta condição degradante, o Ocidente já merecia ser engolido por outra coisa qualquer da mesma maneira que os povos pagãos do Velho Testamento, com a sua ausência de valores e os seus sacrifícios humanos, também tinham de desaparecer.

Nem de propósito, saiu a notícia dos fins de relacionamentos por causa de animais de estimação.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Passa-se a roupa a ferro a ouvir os instrumentistas



A técnica inteiramente ao serviço da melodia, como deve ser. Essa é a assinatura da qualidade de um músico.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

P's

Tenho feito umas tentativas de ir correr antes do trabalho, para melhorar a qualidade da minha saúde, porque sou tendencialmente muito sedentário.
Ao sair de casa pela manhã, ainda de noite, não tenho qualquer expectativa de desfrutar da frescura da manhã. O ar cheira mal pela manhã. A Marinha Grande é uma cidade industrial cinzenta de pessoas cansadas por fazer muitas horas extraordinárias. As traseiras do meu prédio são assombradas pelo ruídos de milhões de garrafas partidas a deslizar de um lado para o outro na Barbosa e Almeida (esta paisagem dominada por uma fábrica faz lembrar o animé Furi Kuri com a sua grande fábrica em forma de ferro de engomar, quem viu sabe do que falo).
Mas esta cidade é abençoada pela proximidade de São Pedro de Moel, das Paredes, da Polvoeira, da Ponte Nova e do pinhal, e por isso, a vida aqui é suportável.
Quando regresso da corrida de vinte minutos, dorido das pernas e ofegante, passo ironicamente perto do pavilhão da escola Nery Capucho onde ia aos treinos de andebol, onde fazíamos os "circuitos de potência", com sprints, saltos, trampolins, flexões, abdominais e dorsais, bolas medicinais e etc. Se com dezasseis anos, um túnel que atravessasse o espaço-tempo junto ao portão da escola e deixasse espreitar-me quinze anos para o futuro, onde se veria o meu eu-presente estafado por vinte minutos de corrida, pareceria um futuro demasiado improvável, e não apenas mau, mas desprezível. Sim, era jovem com opiniões impetuosas, mas não deixava de ter uma certa razão.

sábado, 24 de outubro de 2015

Língua estranha

Dois mil e quinze é o ano em que David Fonseca e Luis Nunes (o antigo Walter Benjamin, que agora responde por Benjamim) viraram-se para o português. Não olho para isto com cinismo, como se encontrasse uma mudança na tática comercial ou uma adesão à moda. Parece-me mais como uma desistência, ou até uma conversão, a uma realidade que era forte demais para ser ignorada: um cantor tem de cantar alguma coisa na sua língua materna se quer cantar com alguma sinceridade - embora perceba a força de querer cantar na mesma língua dos cantores que mais influenciam.
Muito provavelmente, esta será só uma fase passageira, mas vejo-a com agrado, porque o talento de ambos os artistas também é uma realidade demasiado forte para ser ignorada, pelo que o seu português merecia uma oportunidade. Tanto um como o outro ainda não parecem inteiramente à vontade com esta língua estranha, mas estou certo de que vão melhorar.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O presente d'O Regresso ao Futuro

O que há a assinalar no presente de O Regresso ao Futuro é que vivemos a época em que ninguém quer saber o futuro. Ninguém o anseia, nem muito menos o antevê com optimismo, ou pelo menos, com um optimismo irrealista. Juntar os dados actuais leva-nos a concluir que o futuro acabará por tomar um aspecto pos-apocalíptico, se não apocalíptico mesmo. Os programas de divulgação tecnológica e cientifica, como o Para Além do Ano 2000, emagreceram imenso, e quando vemos a rubrica O Futuro Hoje - agora que já lá chegámos - é impossível que a maioria das pessoas que pensam com a própria cabeça não encare aquelas engenhocas com mais apreensão do que fascínio; adquirimos filtros mentais anti-fascínio, porque a isso fomos forçados.
Aproveitar o presente é o que está a dar; o passado é o único lugar que parece seguro; sabemos que o futuro não promete.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Passa-se a roupa a ferro a ouvir os instrumentistas



Norberto Lobo merece um lugar mais visível na rádio portuguesa.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Fim de licenciatura

Com este fim-de-semana passado na Igreja da Lapa, penso que terminei a minha licenciatura em Tiago Cavaco. Conheci-o enquanto músico, blogger, assinante Facebook, em pessoa, por mail, como campista, em entrevista por escrito, na rádio e na televisão, enquanto pregador convidado e pregador na sua igreja. Sempre achei que tinha de estar atento para o perceber, que isso era e é importante, já que ele dita muitas das tendências entre os evangélicos. Ouvi falar dele pela primeira vez enquanto pessoa ilustre quando ei tinha uns oito ou nove anos, num domingo à tarde em que os jovens da minha igreja pediram emprestados aos meus pais sala e leitor de vídeo para ver uma espécie de documentário sobre os H+Pos (não faço ideia de como se escreve), banda onde ele era baixista.
Ao longo dos anos, entusiasmei-me com ele quando comecei a ler o Voz do Deserto e a ouvir as suas músicas. Mostrei a outras pessoas, cristãos ou não, e comentei ideias dele ou introduzi-as como assunto de conversa. Há uns dez anos atrás, recebi avisos acerca dele,  de pessoas tais como os meus pais ou o pastor da minha igreja. Defendi-o várias vezes de outros que o atacavam por preguiça intelectual, por estranheza ou por se sentirem de alguma forma ameaçados, criticados ou inferiorizados. Hoje, julgo que quase todos os atrás referidos são amigos, admiradores à distância ou fortemente influenciados por ele. Isto seria muito mais picante com nomes, mas posso pelo menos fazer a estatística e perceber que duas mãos cheias de dedos não chegariam para os contar. Houve momentos de consagração essenciais, em certas entrevistas, ou ao receber a colaboração de certas pessoas, que quebraram as barreiras dos mais cépticos à sua aceitação.
Entretanto comecei eu próprio a deixar de lhe achar muita graça. Começou a haver mais coisas em jogo, sobretudo desde que se tornou pastor. Medir o peso dessas coisas tornou-se essencial. Hoje, tudo o que o rodeia parece uma grande brincadeira infantil que nunca mais acaba. Julgo que muito do crédito que as pessoas mais velhas lhe dão, vem de acharem que naturalmente ele é uma pessoa divertida e surpreendente, mas quando entra em acção no ministério pastoral a coisa muda, e então é a sério. Mas não muda. A tal brincadeira persiste e permeia lugares que muitos julgariam sagrados e intocáveis pela irreverência, como o louvor, a pregação ou até a oração.
Enquanto evangélico baptista, terei de me habituar a explicar às pessoas, sempre que me for solicitado, que concordando com alguns aspectos pontuais e dispersos, raramente me identifico com o que é dito nas suas aparições na imprensa. Não seria ele que eu escolheria para me representar. E que como tal, é especialmente irritante ouvi-lo a falar em nome do colectivo. "Nós" isto, "nós" aquilo - em rigor, "nós" o tanas, sobretudo se se escudar nisso para dar força às suas opiniões mais pessoais. Lembro de lhe encontrar este tique desde que lia os Animais Evangélicos, e é um atributo que parece ter permanecido até aos dias de hoje.
Penso que a sua personalidade estabilizou e que já não há motivo para um acompanhamento contínuo, sobretudo através do blog. Sinto que sei quem ele é, de onde veio e para onde vai. Pelo menos para já, quando o ouço ou leio, julgo saber onde quer chegar.
Isto é bom para ele, porque vou ter uma atitude mais limpa quando confrontado com a sua obra. Por exemplo, o que li do livro sobre casamento estava sempre a ser comparado com as memórias mais frescas que tinha do blog, não dando oportunidade ao próprio livro de receber uma crítica justa -  se é bom ou mau, bem ou mal escrito, relevante ou irrelevante, edificante ou destrutivo. Como se fosse um estrangeiro acabado de chegar ao país.
Enquanto cristão, claro que isto é-me difícil. Faço conta de me cruzar com ele em pessoa mais umas quantas vezes ao longo da vida. Também faço conta de ser simpático - aliás, como ele tem sido sempre comigo. Não faço conta de lhe fazer uma crítica ao trabalho, porque não tem nada que aturar críticas de pessoas distantes dele e do seu trabalho - mesmo que os cristãos tenham autoridade uns sobre os outros para tal intervenção. Mas desejo-lhe que ouça a crítica das pessoas próximas. E depois disto tudo, desejo não ser hipócrita.
Sei que temos uma crença em Cristo uniforme o suficiente para nos chamar-mos irmãos, e tenho de deixar que isso prevaleça como sendo de primeira importância sobre as coisas restantes. E não tenho intenções de condescender com as críticas que fiz neste texto, entre outras. Penso que será por aí. Licenciatura terminada.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Livre como um passarinho

Encontro graça no dizer "livre como um passarinho", como alguém que não sabe nem se lembrou de alguma vez procurar saber de onde vem, ou como deve ser preservada. Tem outras coisas em que pensar, mais importantes para a sua subsistência ou felicidade - tornam-se sinónimos - imediata. Na maior parte das vezes são cem por cento exactos na forma como se auto-elogiam.
Ou seja, estou a falar de "liberdade" e de ser-se "passarinho".

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Uma temporada, dez episódios



Sou bem capaz de vir a acompanhar esta série, enquanto suspiro por um outro tempo, com outra forma de pensar, que cada vez parece mais improvável que tenha sido real, cujos ecos são presa fácil dos soundbites que nos determinam.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A partir de certa altura, a música mudou

A partir de certa altura, a música mudou. O que se ouvia quando eu andava na escola secundária eram coisas como Limp Bizkit, Papa Roach, Slipknot, Linkin Park, Incubus, Staind, etc, etc. Havia uma formula repetitiva e segura. Tinha ser pesado, gritado, tinha de ter asneiras, de apelar à desobediência em si mesma, tinha de falar de relacionamentos clinicamente disfuncionais (frequentemente, através da terminologia dos anjos e demónios), tinha de mostrar muita raiva para só depois mostrar que também tinha outros sentimentos. Através desta matriz simples, sabia-se o que era "bom". Pessoalmente, raras vezes gostava, e muitas vezes dava ares de esquisito ou selectivo à custa disso, mas era como se soubesse que a música podia ser muito melhor do que aquilo, mesmo sem ter grandes contra-exemplos para apresentar.

Havia ainda o domínio insuportável do hip hop comercial. Quando fui à viagem e finalistas a Lloret del Mar, julgo que ouvi mais de cem vezes In da Club, do 50 Cent.

Eu fui para a universidade em dois mil e três, e isso coincidiu com a tal mudança da música. Os vídeos mudaram, a sonoridade mudou, a roupa mudou, a figura do DJ deixou de existir nas bandas. Os assuntos das músicas mudaram radicalmente. Não só mudaram radicalmente, como o que estava para trás foi rejeitado como sendo "de mau gosto". Figuras públicas fizeram declarações a enxovalhar os Limp Bizkit, como Courtney Love (viúva do Curt Cobain que Fred Durst tem tatuado no peito) , ou baixista dos Rage Against the Machine (que seria uma das principais inspirações da banda).
Este vídeclip há-de permanecer como o registo histórico da perplexidade da fase anterior. Para perceber o sketch inicial, deve-se recorrer ao vídeo de Someday, dos Strokes.

Entretanto, é como se esta mudança tivesse deixado uma geração (a da minha idade) musicalmente orfã. Alguns ainda gostam de ir aos festivais assistir à sua "velha guarda", incapazes de gostar, no entanto, de toda a música feita depois de 2003 por essas mesmas bandas. Outros, cortaram por completo e são incapazes de elogiar aquela música enquanto música, podendo no entanto elogiá-la enquanto banda sonora da sua adolescência (da mesma maneira que olham com saudosismo para outros disparates que possam ter feito).

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Perspectivas

- Comam e bebam, porque amanhã morrerão! - acusou com estrondo.
- Pois como e bebo, porque amanhã morrerei! - devolveu triunfante.
- Então, comam, e bebam, porque amanhã morrerão - respondeu sombriamente.
- Deixem-me comer e beber, porque amanhã morrerei, - concluiu amargamente.

domingo, 13 de setembro de 2015

Rádio portuguesa melhor do que a televisão

A televisão portuguesa é miserável em geral, mas a rádio nem por isso. Neste horário, a RTP 1 está a dar o Cook Off, na RTP 2, os Borgen, na SIC, o Peso Pesado (ouvi bem? com adolescentes), e na TVI o Pequenos Gigantes (não faço ideia do que seja). Já na Antena 3, está a dar o Coyote.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Fotografem

Uma pessoa visita, deslumbra-se, tira fotografias. No dia a seguir, no regresso, passa uma avião sobre o carro, muito baixo, a fazer muito barulho. Passado mais um bocado, percebo porquê, ao distanciar-me o suficiente, para ver fumo a elevar-se sobre uma encosta, onde o avião combate o incêndio. Quem sabe neste lugar que visitei no dia anterior?

                               

Talvez esta loucura generalizada de tirar fotografias a tudo o que mexe e que não mexe, venha a servir de testemunho histórico de como certas coisas foram e deixaram de ser, ao ponto de gerar uma incredulidade só possível de contrariar com fotografias mesmo.
Talvez, por exemplo, turistas irritantes que tenham visitado e fotografado os locais arqueológicos destruídos pelo Estado Islâmico venham a ser essenciais para a preservação da memória daquela cultura perdida. Claro que com a moda das selfies, vai dar mais trabalho aos arqueólogos para editar e remover os sorrisos cozinhados para que o verdadeiro motivo de interesse, antes eclipsado por cabeças, possa evidenciar-se. É uma questão de ver o lado positivo das coisas, suponho.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Eu reajo ao limite das quotas de sardinha


Com um hamburguer de cavala (experiência a nunca mais repetir).

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Antes e depois de C. S. Lewis

Eu não li propriamente muita literatura cristã, mas nisto do Chesterton, há um aspecto que sobressai. Penso que terá sido o único livro sem uma citação ou referência a uma ilustração do C. S. Lewis.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Há uns meses atrás

De cada vez que a Rússia desafia as fronteiras da Europa, saem alguns F16's da base aérea de Monte Real em exercício militar. É uma forma, que não apenas as notícias do jornal, de sentir a sombra real de um possível conflito. Eu, que quando durmo, sonho muito com guerras, invasões, armas, veículos militares - cada um tem as suas pancadas - vejo-me a assomar à janela da fábrica, a levantar os olhos para o céu, e encontrar dois caças num combate de proximidade, a curvar em ângulos apertadíssimos, a disparar as suas metralhadoras de calibre estupidamente grande, com todas as balas perdidas a produzirem danos colaterais imensos no mundo do solo, enquanto torço para que o piloto português - por quem torço - goste de tourada, e assim defenda melhor os interesses do país, até que, contra todos os prognósticos por Portugal não ter tradição na prova, o MIG é atingido, despenhando-se numa explosão violenta, produzindo assim ainda maiores danos colaterais. Cá em baixo, no mundo do solo, festejamos o golo. Tiram-se selfies. Alguns não podem esperar e vão ao Youtube ver a repetição. Outros correm para os carros, para ir festejar na Rotunda do Vidreiro.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Diálogo

Foi com especial curiosidade de me explicaram há algum tempo que os primeiros filósofos da Grécia antiga escreviam a sua filosofia sob a forma de diálogo. Depois, a partir de Aristóteles, predominou o ensaio.
Numa primeira impressão, isto causou estranheza, por um diálogo parecer uma coisa tão pouco "científica" - adoptar o ensaio seria uma consequência natural do progresso do pensamento. Mas à segunda impressão, surgiu a pergunta: porque é que esse método se perdeu?
Pessoalmente, a minha experiência diz que se ler um livro, vou memorizar muito mais as partes sobre as quais me imaginaria a conversar com alguém. Talvez essa seja o primeiro teste à existência de pontes com o mundo real - dá para falar deste parágrafo a outra pessoa?
Seguramente que seria um teste à inteligência de quem escreve. Porque qualquer pessoa pode enumerar uma série de factos numa prosa mais ou menos relacionados entre si, mas nem todos conseguem fazê-lo tendo em conta a percepção dos outros, e consequentemente, levantando contra si mesmo as questões que outros levantariam.
Sempre vi o conhecimento como uma coisa meio comunitária. Vai-se falando daquilo que nos enriquece, ouve-se a opinião de outros, filtra-se o lixo, ajusta-se o ritmo, e assim, cozinha-se uma espécie de "caldo do conhecimento seguro", cada vez mais rico, cada vez mais apurado.
Esquecer o diálogo na construção de opiniões é como que, numa primeira instância, desistir dos outros porque se está disposto a ficar sozinho com a Razão - até que é corajoso - mas numa segunda instância, meio caminho andado para se construir ideias altamente pessoais, abstraídas da realidade, moralmente não provadas.
Havendo sempre o risco de nos tornarmos escravos do que pensamos que os outros pensam, ainda assim parece-me acertado dizer que pessoas precisam de pessoas, nem que seja imaginadas.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A vida é dura

A vida é dura ao descobrir o tempo que demoro a lavar a louça do jantar e repor alguma ordem na cozinha: exactamente um episódio dos Simpsons.
Por outro lado, porque tenho aquela coisa que permite por os programas a andar para trás, e podia estar a ver os Simpsons como se fossem dez horas quando eram na realidade dez e meia.
Também porque já lá vai um bocado, mas os meus nós dos dedos ainda ardem por ter manuseado uma pequena tira de malagueta sem luvas à prova de radiação nuclear.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Ao ver Inside Llewin Davis

Empatizo com a solidão de Llewin e da sua arte, incompreendida no seu tempo, mas hoje totalmente aceitável. Um pouco como um físico teórico que postula a existência de um Bosão de Higgs, e pode muito bem ser visto como um louco, até que o físico experimental confirme que afinal tinha razão.
Ser fiel ao que se sabe ser bom e verdadeiro, mesmo quando isso é mal aceite pela maioria, é um valor que tem de ser apregoado nestes dias de sofismo generalizado.
No final do filme, aparece Bob Dylan a iniciar um concerto seu. Ele é o físico experimental, que - sabemos hoje - iniciaria a mudança de paradigma que daria a razão a Llewin Davis. A sua música era realmente boa. A aparição de Bob Dylan parece ser uma recompensa deixada a quem torce durante o filme por aquele protagonista cheio de defeitos, mas cuja música não podia ser ignorada.


É engraçado que depois de escrever os parágrafos acima, fui ler os comentários ao vídeo no Youtube e encontrei isto:

One reason why Llewyn Davis wasn't achieving success as a solo performer in the film was that his style was 40 years ahead of it's time- all emotion and sensitivity. Not sure who created the current taste for this type of peformance...Will Oldham? But back in the early 60's this performance would have seemed hopelessly introspective... 

+Stephen Charman Totally agree with your original point, though I wonder if there'll ever truly be a time for Davis' style. He was an artist who believed that if he put all of himself into his art he would succeed. And the final blow to that faulty (sadly) belief was Dylan.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Ao ver Inside Llewin Davis

Não há como não sentir revolta profunda. No filme, este casting serviu para a beleza da obra do artista ser preterida por obras mil vezes inferiores por serem de artistas um pouco mais bonitos, digamos assim.



No fundo, faz lembrar as conversas que antigamente se tinham na igreja sobre a música e louvor. Na troca de argumentos, para certas opiniões sobreviverem, era sempre necessário encontrar beleza onde só havia fealdade, desinspiração, e até fingimento. São as pessoas que chutariam Llewin Davis para um canto para poder ouvir melhor o dueto Jim and Jean, ou o solo de Troy Nelson.
É o dono do bar, Pappi, que explica. Não é tanto que a música importe; as pessoas só vão ouvi-los porque querem sexo com a Jean, ou até com Jim.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

De resto

De resto, é este personagem que vai atraindo a minha atenção musical nos últimos tempos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Alegria infantil em abrir um embrulho

Há dias, senti a emoção já quase esquecida da alegria infantil em abrir um embrulho. Era o livro O Homem Eterno (Everlasting Man) do G. K. Chesterton, que tinha mandado vir pelo correio. Já estava há anos para o fazer, mas desta é que foi. Sentir isto é raro em mim por pelo menos duas razões que me consigo lembrar.
Uma é a minha relação com o dinheiro - detesto gastá-lo. Pelo menos em compras além das despesas correntes, fico sempre com medo de ter comprado uma inutilidade que vai encher mais a casa e esvaziar mais a conta, num duplo prejuízo financeiro-espacial. Há em mim um Ebenezer Scrooge a precisar constantemente de ser domado. Mas numa compra destas, adiada há tanto tempo e de valor tão seguro, não há grandes possibilidades de arrependimento.
Outra é a satisfação que posso tirar de alguma coisa fora de mim. Qual é a experiência ou o objecto que possa antecipar com entusiasmo sem reservas? Seja pela repetição, seja pela desilusão, não sobra muito mais que isto, livros do Chesterton, do C. S. Lewis e assim.
Entre ir ver o correio, abrir o embrulho e ir para o trabalho, espreitei apenas a primeira página. E imediatamente sorri:

"Quando certa vez perguntaram a Chesterton «que livro gostaria de ter consigo se fosse um náufrago numa ilha deserta», esperando talvez uma resposta profunda e elevada como «a Bíblia» ou «a Divina Comédia», respondeu com o óbvio «um manual de construção de botes».

O que é que há aqui para não antecipar com entusiasmo?

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Primeiro o Relógio ou o Relojoeiro?

Eu gosto muito de ver o Cosmos: Odisseia no Espaço, quando apanho no National Geogaphic. Gosto mesmo, apesar da cegueira ideológica ateia de algumas ideias apresentadas, sobretudo quando alimentam a cultura popular com noções simplificadas sobre o curso da história e das ideias.
O programa que vi hoje foi sobre Newton, Halley e Hook. A tese apresentada por Neil Tyson (30:30) não tem nada de surpreendente. Antes de Newton, as pessoas viam o firmamento, com a sua ordem e padrões, como uma criação de um Relojeiro, que seria Deus. Depois das descobertas de Newton, a hipótese do Relojoeiro (a hipótese "Deus", que Tyson classifica de beco sem saída), deixa de ser necessária, já que percebemos as leis que regem o relógio. A haver Relojoeiro, será a própria gravidade.
O que fica por assinalar, é que também o próprio Tyson considera o universo um relógio - um relógio que funciona, como um relógio deve funcionar, com regras, de forma previsível. Algum tempo deveria ter sido gasto a explorar a hipótese de o firmamento não ser visto desta maneira, mas de uma forma caótica ou animizada. Numa cosmovisão dessas, que vestígio de expectativa haveria em tentar descrever o universo através de leis gerais e expressões matemáticas? Porquê pensar matematicamente sobre coisas que podiam ter personalidade - e até temperamentos irascíveis - ou ser simplesmente aleatórias? Neste episódio, Halley é retratado a ir ter com Newton cem por cento seguro de que os movimentos dos planetas em torno do Sol poderim ser determinados por leis matemáticas simples e elegantes. Mesmo apesar de Halley se descobrir privado dos conhecimentos matemáticos para dar conta do problema, acredita que alguém terá a matemática suficiente para a tarefa - esse alguém veio a ser Newton (o crente em Deus).
Então, porquê pensar no Universo enquanto Relógio, se não tivéssemos pensado antes no Relojoeiro que o criou? Num programa sobre uma mudança essencial no paradigma do pensamento, será justo ocultar esta questão básica? Não seria razoável imaginar por um bocado se uma revolução desta magnitude seria expectável noutras culturas em que o Universo não é um Relógio criado por um Relojoeiro?
Lamento ser chato, mas vou encontrando a energia para recusar acreditar em Deus da maneira que os ateus querem que acredite. Podem forçar ideias simples através da repetição, podem insistir em dizer que as religiões são essencialmente iguais, podem contar parcialmente verdades que dificilmente um leigo poderá contestar a um cientista. Uma pessoa faz o que pode, mas não é fácil. A reacção merecida seria fechar os olhos e os ouvidos a esta gente, mas a Bíblia diz para "examinar tudo e reter o bem" - ordem que o cientista médio dos dias de hoje desobedece com o maior desembaraço.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Despedidas de solteiro de noivos evangélicos

Estive anos e anos sem me estrear nessa coisa das "despedidas de solteiro". Recentemente, fui a duas, ambas em que os noivos são cristãos evangélicos, pelo que naturalmente foram dispensadas as rotas mais naturais - da discoteca e do striptease.
Numa delas, ocorreu até a felicidade de a melhor fotografia assumir um feitio cruciforme, a saber, a brincar a uma coisa chamada flyboard.


Uma excelente assinatura para um excelente dia.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Nortada

Já agora, dando seguimento ao primeiro post deste blog, reproduzi mesmo num instrumento a música que me chamou a atenção no filme A Teoria do Tudo, ainda que dentro das minhas limitações. É sobretudo uma coisa de mim para mim.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Aquecer a guerra

Não sei em que ponto estamos na Guerra Fria, mas é só para avisar: estas munições abatem tanques russos.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Agora a sério

A sensação é sempre a mesma. Que quando começo as férias, estou finalmente no período da vida real, que se segue a um ano menos duas semanas de uma ficção medonha, sem sentido nem final feliz, nem final de nenhum tipo. Agora sim há tempo para descansar realmente, para a higiene mental, para poder ser surpreendido.
A desproporção entre o tempo de trabalho e o tempo de férias é imensa, mas naquelas duas semanas persiste a sensação que a ficção terminou, que chega de brincadeira, e que posso agora começar a sério.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Leis há muitas

Ao longo dos últimos anos, habituei-me a ouvir cristãos a reclamar para o cristianismo os méritos da revolução científica. Se os cientistas avançavam sobre a natureza com curiosidade e optimismo, é porque tinham enraizada neles a noção de um Universo ordeiro e governado por leis, o que pressupunha a existência de um Criador e Legislador do Universo. Estas leis seriam eternas e universais, ou seja, válidas em qualquer ponto do Universo, em qualquer momento da sua História.  Estas noções só são possíveis numa cosmovisão cristã, pelo que, ainda que havendo outras civilizações a alcançar grandes feitos do conhecimento, a tecnologia, das artes, etc., só no Ocidente poderia ter sido cozinhada o evento específico a que chamamos revolução científica.

Embora nos esforçássemos para colocar Deus, com justiça, na génese de algo que geralmente é consderado bom em si mesmo e benéfico para todos, também é verdade que num Universo governado por leis rígidas deixa pouco espaço para Deus se mexer à Sua vontade.

Agora, o paradigma poderá estar para mudar. Há uns tempos, li este comentário a um livro - que parece ser coisa importante - em que, entre outras coisas, defende leis do Universo variáveis ao longo do tempo. Mais uma vez, os cristãos vão ter de se reajustar e repensar as suas posições. Tem que ser, lamento. Parece-me que os cristãos vão ter de rever a importância que tem para si a ideia de um Universo perfeitamente ordenado, e se há realmente argumentos bíblicos para achar uma coisa dessas, ou se não será uma herança grega que perdurou especialmente bem disfarçada.

Não há desânimo nisto. Estes pequenos reajustes são só o sinal de que há um núcleo duro inviolável diante do qual tudo o resto pode ser posto em perspectiva. Um pouco como a ideia do autor do livro, em que por o Tempo existir realmente, é maior do que as Leis do Universo, e que como tal, vão mudando (em vez de Leis do Universo maiores do que o Tempo, em que é o Tempo que é relativo e variável, e as Leis absolutas). Mau é deixar a descoberto a cidade para ficar a defender as muralhas.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Captar o momento

Só para captar o momento dos tempos recentes, esta é a passagem bíblica que paira sobre a minha cabeça.

"Chegou certamente o tempo, diz o Senhor Deus, em que mandarei sobre a terra a fome — não fome de pão ou de água, mas de ouvir a palavra de Deus. As pessoas atravessarão os oceanos à procura da palavra do Senhor, correndo de um lado para o outro, mas sem a encontrar.  Formosas raparigas e belos moços ficarão enfraquecidos e sem cor, pela sede da palavra de Deus."

Amós 8:11-13

Fome e sede

Se não deixar mais nenhum contributo ao mundo, que pelo menos fique este. Que de cada vez que alguém se abstem de considerar outro alguém culpado porque "quem sou eu para julgar os outros?", considere a possibilidade de estar ainda assim a julgar esse alguém com a sentença de inocência. Só que num tribunal viciado, por um dos vereditos estar tacitamente proibído através de uma lei paralela à verdadeira lei.

Para se sentirem bondosos, têm de ser injustos. Para serem belos por fora, apodrecem por dentro - e facilito no que digo, porque obviamente não acredito numa bondade injusta, ou numa beleza mal sustentada. Pelo impacto que promovem no mundo, só posso desejar que sucumbam à fome e à sede. De justiça, claro.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Mundo sem música

Às vezes, penso que devia deixar de ligar à música. Porque por vezes parece não passar de um negócio da fama, do exibicionismo, da falta de carácter. Não que o mundo da música não seja isso. Só que a própria música... quem pode imaginar um mundo sem música?



Por isso há que procurar, e estar atento. Quem sabe não encontre música sem mundo?

domingo, 12 de abril de 2015

Segundas oportunidades à música electrónica

Há algum tempo que percebi que não posso afastar a "música electrónica" por ser "electrónica" Muito frequentemente, debaixo de todos aqueles efeitos e batidas, escondem-se as mais belas melodias. Pode acontecer que alguém acabe por o revelar numa versão menos vestida.




sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Nortada


Relembrando as cenas do filme onde esta música passou, não seria a isto que o C. S. Lewis chamava Northerness? Uma família e amigos a brincar na praia, vestidos e só de calças arregaçadas. As pessoas abraçam-se, brincam, passeiam, olham-se, sem o mais leve vestígio de sensualidade, por maior que seja a cumplicidade do casal.

A luz é preciosa e celebrada em movimento, explorações e contemplação. O frio da maresia é acolhedor. O que é melhor que isto? Quem já experimentou disto por vez que seja?

E correndo o risco de alienação, ainda assim, como não procurar valorizar e preservar estas coisas que se atravessam no caminho? Porque é que coisas que acontecem duas ou três vezes na vida, mas que ainda assim aconteceram, devem ser diminuídas em prol de uma realidade que tanto tem de frequente como de pobre e elusiva, que não merece lugar na memória colectiva ou individual? Não deverei guardar pelo menos esta música mais os frames do filme e relembrá-los periodicamente, ou até reproduzir a melodia num instrumento ou num assobio, para que não esqueça que o quotidiano que está à minha frente não é tudo que existe, nem tudo o que existiu, nem tudo o que tem de existir?

Numa guerra em que já ninguém se lembra do início, que coisas que não estas permitirão ao soldado aguentar-se mais uma batalha, mais uma vigia, mais um dia longe da sua verdadeira casa?