sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Nortada


Relembrando as cenas do filme onde esta música passou, não seria a isto que o C. S. Lewis chamava Northerness? Uma família e amigos a brincar na praia, vestidos e só de calças arregaçadas. As pessoas abraçam-se, brincam, passeiam, olham-se, sem o mais leve vestígio de sensualidade, por maior que seja a cumplicidade do casal.

A luz é preciosa e celebrada em movimento, explorações e contemplação. O frio da maresia é acolhedor. O que é melhor que isto? Quem já experimentou disto por vez que seja?

E correndo o risco de alienação, ainda assim, como não procurar valorizar e preservar estas coisas que se atravessam no caminho? Porque é que coisas que acontecem duas ou três vezes na vida, mas que ainda assim aconteceram, devem ser diminuídas em prol de uma realidade que tanto tem de frequente como de pobre e elusiva, que não merece lugar na memória colectiva ou individual? Não deverei guardar pelo menos esta música mais os frames do filme e relembrá-los periodicamente, ou até reproduzir a melodia num instrumento ou num assobio, para que não esqueça que o quotidiano que está à minha frente não é tudo que existe, nem tudo o que existiu, nem tudo o que tem de existir?

Numa guerra em que já ninguém se lembra do início, que coisas que não estas permitirão ao soldado aguentar-se mais uma batalha, mais uma vigia, mais um dia longe da sua verdadeira casa?