terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Este é o meu país



Quando estava a ler este parágrafo de um livro do William Lane Craig, senti aquela vergonha nacional que nos leva a suspirar "são mesmo tugas". Porque isto é muito próprio da conjuntura portuguesa, de achar que a ideia "Deus" está perfeitamente conhecida, ultrapassada, domesticada e arrumada em lugares convenientes que não causem muita perturbação. E como tal entendo que ouvir alguém a apresentar argumentos lógicos a favor da existencia de Deus numa universidade possa causar perplexidade.
No entanto, é sempre bom relembrar o tipo de argumentos usados por Craig: argumentos lógicos. Com recurso a premissas básicas, verdadeiras até prova em contrário, tenta chegar a conclusões também verdadeiras. Aparentemente, e repetindo a história portuguesa, este arma de eleição não reuniu entusiasmo e partiram para o argumento ad hominem - o homem deve ser um charlatão, quiçá trabalha para os apanhados.
Falo ainda sem saber, mas supondo que no auditório estavam pessoas que se consideram "livres-pensadoras", já que o episódio passou-se numa Universidade, a minha repulsa por esta rapaziada aumenta sempre que ouço este título aplicado a quem se auto-impõe proibições destas. Este é o meu país e eu vivo nele.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Ao ver a Teoria do Big Bang

que é a única série que acompanho, pergunto-me sobre o que Tolkien ou Lewis achariam disto tudo. Sobretudo Tolkien, sem o qual tudo isto não existiria. Ainda hoje, enquanto via este diálogo do Hobbit, promotor de coragem, das façanhas físicas, do ar livre, da curiosidade pelo desconhecido, pensava sobre estes valores serem abertamente desprezados por quem mais gosta desta ficção. Nesse sentido, considero-me um adepto atípico do Senhor dos Anéis, porque precisamente porque gosto dessas coisas que o Gandalf tenta resgatar a Bilbo, gosto também da história.



Igualmente surpreendente, e amplamente repetida na Teoria do Big Bang, é a estranheza às mulheres. Não só nas histórias da Terra Média o amor entre homem e mulheres faz parte, sendo por vezes a força motora da história, como o próprio Tolkien se definiu muito enquanto marido e amante da sua esposa (de quantos escritores românticos poderá dizer-se o mesmo?).

Tenho reparado que já passaram cerca de quinze anos desde que li o Senhor dos Anéis e o Silmarillion, embora não pareça tanto tempo por causa da presença persistente dos filmes de Peter Jackson no cinema e na televisão. Talvez seja a altura de regressar pelo menos ao Silmarillion, agora com o dobro da idade, enquanto ainda não há sequer um sussurro de um possível filme. E agora com outras ferramentas, apreciar aquela história literalmente épica.