sábado, 24 de outubro de 2015

Língua estranha

Dois mil e quinze é o ano em que David Fonseca e Luis Nunes (o antigo Walter Benjamin, que agora responde por Benjamim) viraram-se para o português. Não olho para isto com cinismo, como se encontrasse uma mudança na tática comercial ou uma adesão à moda. Parece-me mais como uma desistência, ou até uma conversão, a uma realidade que era forte demais para ser ignorada: um cantor tem de cantar alguma coisa na sua língua materna se quer cantar com alguma sinceridade - embora perceba a força de querer cantar na mesma língua dos cantores que mais influenciam.
Muito provavelmente, esta será só uma fase passageira, mas vejo-a com agrado, porque o talento de ambos os artistas também é uma realidade demasiado forte para ser ignorada, pelo que o seu português merecia uma oportunidade. Tanto um como o outro ainda não parecem inteiramente à vontade com esta língua estranha, mas estou certo de que vão melhorar.

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