segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Perspectivas

- Comam e bebam, porque amanhã morrerão! - acusou com estrondo.
- Pois como e bebo, porque amanhã morrerei! - devolveu triunfante.
- Então, comam, e bebam, porque amanhã morrerão - respondeu sombriamente.
- Deixem-me comer e beber, porque amanhã morrerei, - concluiu amargamente.

domingo, 13 de setembro de 2015

Rádio portuguesa melhor do que a televisão

A televisão portuguesa é miserável em geral, mas a rádio nem por isso. Neste horário, a RTP 1 está a dar o Cook Off, na RTP 2, os Borgen, na SIC, o Peso Pesado (ouvi bem? com adolescentes), e na TVI o Pequenos Gigantes (não faço ideia do que seja). Já na Antena 3, está a dar o Coyote.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Fotografem

Uma pessoa visita, deslumbra-se, tira fotografias. No dia a seguir, no regresso, passa uma avião sobre o carro, muito baixo, a fazer muito barulho. Passado mais um bocado, percebo porquê, ao distanciar-me o suficiente, para ver fumo a elevar-se sobre uma encosta, onde o avião combate o incêndio. Quem sabe neste lugar que visitei no dia anterior?

                               

Talvez esta loucura generalizada de tirar fotografias a tudo o que mexe e que não mexe, venha a servir de testemunho histórico de como certas coisas foram e deixaram de ser, ao ponto de gerar uma incredulidade só possível de contrariar com fotografias mesmo.
Talvez, por exemplo, turistas irritantes que tenham visitado e fotografado os locais arqueológicos destruídos pelo Estado Islâmico venham a ser essenciais para a preservação da memória daquela cultura perdida. Claro que com a moda das selfies, vai dar mais trabalho aos arqueólogos para editar e remover os sorrisos cozinhados para que o verdadeiro motivo de interesse, antes eclipsado por cabeças, possa evidenciar-se. É uma questão de ver o lado positivo das coisas, suponho.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Eu reajo ao limite das quotas de sardinha


Com um hamburguer de cavala (experiência a nunca mais repetir).

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Antes e depois de C. S. Lewis

Eu não li propriamente muita literatura cristã, mas nisto do Chesterton, há um aspecto que sobressai. Penso que terá sido o único livro sem uma citação ou referência a uma ilustração do C. S. Lewis.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Há uns meses atrás

De cada vez que a Rússia desafia as fronteiras da Europa, saem alguns F16's da base aérea de Monte Real em exercício militar. É uma forma, que não apenas as notícias do jornal, de sentir a sombra real de um possível conflito. Eu, que quando durmo, sonho muito com guerras, invasões, armas, veículos militares - cada um tem as suas pancadas - vejo-me a assomar à janela da fábrica, a levantar os olhos para o céu, e encontrar dois caças num combate de proximidade, a curvar em ângulos apertadíssimos, a disparar as suas metralhadoras de calibre estupidamente grande, com todas as balas perdidas a produzirem danos colaterais imensos no mundo do solo, enquanto torço para que o piloto português - por quem torço - goste de tourada, e assim defenda melhor os interesses do país, até que, contra todos os prognósticos por Portugal não ter tradição na prova, o MIG é atingido, despenhando-se numa explosão violenta, produzindo assim ainda maiores danos colaterais. Cá em baixo, no mundo do solo, festejamos o golo. Tiram-se selfies. Alguns não podem esperar e vão ao Youtube ver a repetição. Outros correm para os carros, para ir festejar na Rotunda do Vidreiro.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Diálogo

Foi com especial curiosidade de me explicaram há algum tempo que os primeiros filósofos da Grécia antiga escreviam a sua filosofia sob a forma de diálogo. Depois, a partir de Aristóteles, predominou o ensaio.
Numa primeira impressão, isto causou estranheza, por um diálogo parecer uma coisa tão pouco "científica" - adoptar o ensaio seria uma consequência natural do progresso do pensamento. Mas à segunda impressão, surgiu a pergunta: porque é que esse método se perdeu?
Pessoalmente, a minha experiência diz que se ler um livro, vou memorizar muito mais as partes sobre as quais me imaginaria a conversar com alguém. Talvez essa seja o primeiro teste à existência de pontes com o mundo real - dá para falar deste parágrafo a outra pessoa?
Seguramente que seria um teste à inteligência de quem escreve. Porque qualquer pessoa pode enumerar uma série de factos numa prosa mais ou menos relacionados entre si, mas nem todos conseguem fazê-lo tendo em conta a percepção dos outros, e consequentemente, levantando contra si mesmo as questões que outros levantariam.
Sempre vi o conhecimento como uma coisa meio comunitária. Vai-se falando daquilo que nos enriquece, ouve-se a opinião de outros, filtra-se o lixo, ajusta-se o ritmo, e assim, cozinha-se uma espécie de "caldo do conhecimento seguro", cada vez mais rico, cada vez mais apurado.
Esquecer o diálogo na construção de opiniões é como que, numa primeira instância, desistir dos outros porque se está disposto a ficar sozinho com a Razão - até que é corajoso - mas numa segunda instância, meio caminho andado para se construir ideias altamente pessoais, abstraídas da realidade, moralmente não provadas.
Havendo sempre o risco de nos tornarmos escravos do que pensamos que os outros pensam, ainda assim parece-me acertado dizer que pessoas precisam de pessoas, nem que seja imaginadas.