sábado, 21 de novembro de 2015

“As nossas prioridades são os direitos!” - Vinte de Novembro de Dois Mil e Quinze

Esta frase da notícia do Público espelha o que eu penso disto tudo (um pouco à semelhança da opiniao de Miguel Sousa Tavares na SIC, quando se falou da co-adopção). É tudo uma questão de direitos; que se fale no bem estar das crianças, no mesmo dia em que se avança com a liberalização da Procriação Medicamente Assistida é no mínimo questionável. Um pouco como quando se falou nas dádivas de sangue, também aposto que era no superior interesse do receptor.

Mais uma vez, estas leis representantes do Progresso vão passar em alturas estratégicas, sem que ninguém dê por isso, sem que a discussão seja realmente autorizada. Afinal, direitos humanos são inegociáveis, não é? E uns poucos decidiram que certas coisas eram direitos humanos. E a favor disso, tudo vale.

O  que está em causa nunca foi uma medida aqui e acolá. Quando se votou o casamento para indivíduos do mesmo sexo, a esquerda assegurava que a adopção nada tinha a ver com o assunto, como se não fosse a consequência lógica que a direita antevia. A imagem que me ocorre é a de alguém que acalma um animal para melhor o abater. Um dia depois, já havia um senhor da esquerda que não me lembro quem a dizer que poder casar mas não poder adoptar era tão inconstitucional que até chateia.

Não gosto deste mundo, detesto homossexuais organizados em associações ou em desfile, e não suporto que se legisle a vontade desses grupos. Vai ficar na lei do país...

Por mim, este dia devia ficar na memória: vinte de Novembro de dois mil e quinze, Dia do Progresso em Portugal. Resta esperar que os factos não venham a ser dourados num revisionismo histórico conveniente.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Dilemas morais de super-heróis


Aqueles dilemas morais de super-heróis sempre pareceram só isso, dilemas morais de super-heróis. Ou manténs-te impoluto e sentes-te responsável pela perda da vida de centenas de pessoas, ou comprometes aquilo em que acreditas para poder salvá-las.
No entanto, agora que a maldade de uns quantos se tornou tão definida e efectiva, suponho que essa seja uma grande questão. Agora que estamos em condições de realmente discutir o assunto, vão haver interrogatórios com recurso a tortura? O primeiro a responder a este assunto deveria ser, naturalmente, José Sócrates, já que fez uma pos-graduação nessa área de especialidade.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Tu foste influente porque quero

Saiu uma lista dos livros académicos mais influentes, com o merecido primeiro lugar para A Origem das Espécies. No entanto, há vários livros de filosofia na lista, nenhum deles pertencente a Nietzsche. Eu não percebo nada de filosofia, mas se há coisa que tenho ideia é que o alemão praticamente pariu ideologicamente a minha geração. Devia ter ficado no mínimo em segundo ou terceiro lugar. Em relação a este senhor, surge sempre a questão de estarmos a eleger os verdadeiros influentes, ou apenas os influentes que desejaríamos que fossem, ou até os influentes que convêm. Ele lançou essa dúvida, está entranhada, não vai morrer e ninguém sincero e maduro pode negar-lhe a existência. É por isso que ele é tão importante. É por isso que ele é tão enxotado.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Homem por gato

No episódio de Parts Unknown em Beirut, Anthony Bourdain entrevista uma rapariga síria, refugiada prestes a ser deportada para o país de origem. Uma das perguntas foi se o conflito valia a pena; se seria um momento de sacrifício para conseguir algo melhor. A resposta da rapariga foi que a partir do momento em a luta custa vidas humanas, já foi longe de mais, concluindo com uma frase do género (estou a recorrer à memória) "nada vale mais do que uma vida humana".
A demonstrar um humanismo tão definido e determinado, imagino que a rapariga esteja a perseguir um ideal ocidental inegociável. Se conhecesse melhor o lado de cá, teria de ficar um pouco desiludida. Enquanto via o programa, lembrava-me da quantidade de pessoas que não trocaria a vida do seu cão, do gato, do piriquito ou da tartaruga, pela vida daquela rapariga. Aqui, somos existencialistas, produzimos os nossos significados e éticas particulares, e estando homens e mulheres ao leme, quem sabe onde as coisas vão parar. Por exemplo, a dignidade superior do Homem em relação à restante Criação perdeu-se. Um homem ou mulhere só são importantes se forem importantes para mim. E aquela rapariga síria dificilmente terá um estatuto desses. Pode-se lembrar ainda os casos mediáticos do sem-abrigo estendido morto no meio da rua, os dos idosos abandonados à morte pela família para confirmar a tendência.
Só por esta condição degradante, o Ocidente já merecia ser engolido por outra coisa qualquer da mesma maneira que os povos pagãos do Velho Testamento, com a sua ausência de valores e os seus sacrifícios humanos, também tinham de desaparecer.

Nem de propósito, saiu a notícia dos fins de relacionamentos por causa de animais de estimação.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015