sábado, 26 de setembro de 2020

Algumas impressões sobre A Silent Voice

 

Este é o melhor filme de animação japonesa que vi até hoje (vi durante o mês grátis de Netflix). O anterior, que passa para segundo melhor é o Toki Wo Kakeru Shoujo, que permanece um grande filme.

A Silent Voice é sobre bullying, comunicação e relacionamentos. Não relacionamentos amorosos, mas os vários tipos de relacionamentos possíveis de desenvolver no contexto da escola e da família. Comunicação, porque uma das personagens é surda-muda, e os restantes personagens nem por isso, pelo que o desafio da linguagem apresenta-se em todo o seu esplendor. Bullying, porque a miúda surda-muda é apoquentada por vários colegas de turma, de várias formas, com variados graus de conivência. 

Há qualquer coisa nos autores japoneses que os leva a contar estas histórias de adolescentes de forma muito intensa, e nem por isso exagerada. Tenho quase a certeza que temos mecanismos psicológicos para refazer as memórias da adolescência e assim conseguir alguma estabilidade na idade adulta. Mas aqueles japoneses parecem ter esse mecanismo inibido. De facto, uma pessoa chega a ficar com a ideia que explicar a adolescência de alguém é explicá-la no seu momentos mais decisivo. Do que se depreendo que refazer a nossa memória da adolescência é perder o acesso a uma das verdades mais fundamentais da nossa vida. De resto, a arte visual deste filme tem tudo o que animação japonesa tem de melhor. É belíssimo, e está no grupo restrito de filmes que aconselho mesmo a quem não liga a estas bonecadas.

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